sábado, 13 de agosto de 2011

LADY MACBETH: UM TREM DESGOVERNADO A CAMINHO


                LADY MACBETH é o primeiro espetáculo totalmente produzido na CASA AMARELA. Quando adaptei o texto para ANITA ABRANTES no inicio deste ano, passei para MARCOS FERSIL dirigir. Na impossibilidade de conduzi-lo neste momento, ele repassou pra mim. No primeiro momento, não gostei muito da idéia, pois queria me dedicar a outros projetos, mas devo confessar que está sendo muito bom. Anita está se dedicando ao máximo e trazendo bons resultados à parceria.
 A peça, que deveria estreiar hoje (13/08) mas foi adiada para 27/08 devido a possibilidades técnicas, está ficando deliciosa. A música, elemento importante em meus voos criativos, colabora e muito com o universo que Anita muito bem assimilou e enriquece. Tive o cuidado de escolher boa parte de músicos da terra de Shakespeare – devo citar que Joy Division é uma citação e tanto logo nas primeiras cenas. A morte trágica de Ian Curtis e seu aviso em “She’s lost control” caíram como uma luva na queda de Lady Macbeth.
Tratando-se de um monólogo – que é de um perigo fatal, pois muitos monólogos podem entediar se mal feitos – Shakespeare nos dá uma deixa e tanto para a criação, ao ter escrito a cena 1 do Ato 5, onde Lady delira em pesadelos diante do médico e da criada. Ali é onde o monólogo acontece, na mente de Lady Macbeth perturbada, louca após mergulhar na ambição e descobrir o preço dela. O texto, totalmente recortado do original, nos leva de sua ambição à sua loucura e nos revela o quanto a personagem é humana e contemporânea no mundo em que vivemos. A tradução é outro detalhe peculiar: a realizei em 2001 a partir do original em inglês, em um trabalho de 45 dias entre dicionários e outras traduções, comparando e escolhendo os sentidos que me pareciam traduzir melhor os significados das palavras do bardo.
Dando outra percepção dentro deste universo, entra Michele Dias dialogando com Anita e criando o figurino da Lady. Recém formada e cheia de percepção e sensitivismo, ela e Anita marcam encontros para definir como será o visual. Não interfiro nisto; confio nestas meninas.
                Há tempos não dirijo um espetáculo no AD (Medéia e Drácula foram parcerias muito bem sucedidas com Marcos Fersil). A experiência está sendo boa e a comunicação tranquila. Os ensaios ocorrem com uma sensibilidade genial. Me sento na técnica, aperto botões, e Anita solta-se no universo de Lady. Por vezes indico direções e corrijo imperfeições. Sendo seu terceiro espetáculo comigo, ela parece me entender melhor e segue a trilha, entregando-se à criação artística. Vai surpreender. Está me surpreendendo ao menos.
Nada mais a dizer. Ainda temos alguns ensaios pela frente – mas acredito que estamos criando mais um marco dentro da história do AD. E que seja sempre assim, amém.

LADY MACBETH
De WILLIAM SHAKESPEARE.
Interpretação: ANITA ABRANTES
Figurino: MICHELE DIAS
Adaptação e Direção: CLAUDEMIR SANTOS
De 27/08 a 24/09
Sábados as 20h30
Local:
CASA AMARELA ESPAÇO CULTURAL
Rua Julião Pereira Machado, 07
São Miguel – São Paulo – SP